domingo, 14 de dezembro de 2008

COBARDIA FINAL - A ASCENSÃO


E só me consigo lembrar
daquela letra da musica dele
não a posso esquecer nem apagar
está como que entranhada na pele
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E eu que já não tenho nada de nada
que estou nu, perdido, desnorteado, errante
caminho sozinho por uma grande estrada
direitinho a essa imensa luz dolorosa e asfixiante
atraído pelo canto de uma atroz pérfida mágica fada
que aos céus e infernos anuncia quase delirante
a minha própria auto infligida antecipada chegada
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E chora quem de mim gosta
e tudo deixou de me pertencer
e não obtenho sequer resposta
daqueles que a custo me tentam esquecer
por estarem cegos de terem desperdiçado a aposta
e me fitam nos olhos mas parecem não me poder ver
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E são só estilhaços
rios de lágrimas de amor
gente amiga aos abraços
e desmaios e muita dor
que ninguém esperava
que não era ainda hora
diz essa gente apavorada
essa gente que me adora
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Mas há também os que estão em festa
nas moradas de quem me detesta
e que aliviados desabafam: ''foi desta!''
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E só te consegues lembrar
daquela letra da musica dele
não a podes esquecer nem apagar
está como que entranhada na pele
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"Porque há qualquer coisa que não bate certo
qualquer coisa que deixaste para trás em aberto
qualquer coisa que te impede de te veres ao espelho nu
e não podes deixar de sentir que o culpado és tu
e não podes deixar de sentir que o culpado és tu
e não podes deixar de sentir que o culpado és tu"

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Não queres crer, mas sentes-te finalmente seguro
sabes agora que foste precipitado em saltar o muro
e não precisas que mais nada te façam ver
concluis que afinal era, só era, possível viver
mas já é tarde e dás conta que te enganaste
quando por cobardia pegaste no revolver... e te mataste.
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LETRASALINHADAS
* Entre aspas, excerto do poema "Balada dum estranho" de Jorge Palma