domingo, 16 de novembro de 2008

VENDE-SE


Quero sentir-me fora
fora de estar em mim
desencarcerando-me assim
donde a realidade mora
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Quero sair do colete
colete tão apertado
que me mantém aprisionado
como num abominável corpete
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Quero fugir desta carcaça
carcaça podre que me rodeia
sem saber o que me norteia
e lança à deriva minha barcaça
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Quero-me de mim mesmo libertar
libertar da apertada amarra
desta pele que me agarra
e me condena a suplicar
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Quero total independência
independência de ter de ser
totalmente fiel ao desprazer
de caminhar nesta demência
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Quero nascer de novo
de novo tudo começar
até conseguir não mais lembrar
deste ser lamacento, deste estorvo
-
Quero de mim me esquecer
esquecer esta realidade
e abandonar a fatalidade
do que me obriga a sobreviver
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Quero-me apenas vender, vender,
vender a quem pouco ou nada pagar
facilito, aceito permutas, ou aluguer,
basta que me aceitem por fim libertar!
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LETRASALINHADAS